Plataformas de Publicação Independente



Uma (breve) Opinião Sobre
Plataformas de Publicação Independente

Vamos começar com o simples: Não pense que publicação independente vai te deixar rico. Ou famoso. Ou reconhecido. Nada disso acontece do dia para a noite. Aliás, faça melhor: A partir do momento em que decidir se tornar um produtor de conteúdo, desista de sonhar com absurdos. Pessoas que começam qualquer empreitada com objetivos irreais eventualmente se deparam com a realidade. E é justamente para ela que se perdem muitas pessoas com potencial.
Porque é fácil pensar em metas absurdas a partir do momento que se tem facilidade de acesso. Tomemos por exemplo o YouTube. Um modelo de produção de conteúdo simples, na qual, com uma única conta de e-mail (além da óbvia necessidade de se ter um vídeo e uma conexão com internet), tem-se a possibilidade de criar um vídeo, fazer o upload e disponibilizar o material para a “internet”. O que, muitas vezes, se perde, é a noção de que não basta ter um material para alcançar sucesso ou reconhecimento. Divulgação, marketing, trabalho sobre o material, etc. Tudo e mais um pouco é necessário para que determinado vídeo seja, no mínimo, palatável e, mais importante, amplamente divulgado. Atualmente se têm dois aspectos importantes na publicação independente que devem ser levados em consideração. Vamos por partes.
Primeiro: A possibilidade de se publicar um trabalho na internet sem necessidade de intermediários e a existência de diversas ferramentas (criação simplificada de blogs, YouTube, Clube de Autores, etc.) de exposição. Isso permite que pessoas normalmente desfavorecidas por sistemas excludentes (mercados editoriais, por exemplo) possam exibir seus trabalhos sem necessidade de networking. Interessante, mas perigoso. Afinal, temos o segundo ponto: A enchente de material de baixa qualidade. Facilidade não deveria ser uma abertura para desleixo, mas, infelizmente, é o que acontece. Ao perceber que podem inundar determinada plataforma com uma enxurrada de material, o “produtor de conteúdo” faz isso justamente porque a monetização é feita em cima do total de exibições que teve seu trabalho. O pior é que isso não é nem mesmo culpa das plataformas - em boa parte das vezes -, mas dos próprios criadores de conteúdo, que deveriam agir como uma comunidade e, ao invés disso, se canibalizam e fornecem o que quer que seja que tenham à mão numa tentativa desesperada por atenção.
Porém, esse não é um artigo sobre a “comunidade”, mas sobre as plataformas de publicação independente. E o fato é que a internet abriu um mundo maravilhoso, com inúmeras opções de publicação e oportunidade para todos. O aviso que pode e deve ser dado, é no sentido de que o produtor de conteúdo deve se ater a dois fatos. Um: Quando produzir qualquer coisa, tenha em mente que esse material influencia não só a sua esfera de influência, mas infecta toda a rede de disponibilização da qual você se utiliza. Ao colocar um material ruim em uma plataforma que pode ser usada por todos, você arrisca espalhar uma imagem negativa sobre toda aquela plataforma - essa, inclusive, é a razão de muitos não admitirem com seriedade o trabalho divulgado de maneira paga no YouTube, por exemplo.
E, por último, porém mais importante: Ao divulgar um material na internet (ou por alguma outra modalidade independente) tenha em mente que não basta apenas filmar, ou gravar, ou tirar uma foto, ou escrever um texto. Monte um plano de divulgação. Ajuste sua plataforma a um mínimo aceitável. Revise seu trabalho - Por favor, revise seu trabalho! E, por fim, tenha respeito ao espaço que está ocupando. Tenha em mente que o primeiro a valorizar seu trabalho é você mesmo(a). E valorizar não quer dizer apenas cobrar pelo produto, ou falar com orgulho sobre o que faz. É ter respeito próprio e lapidar aquela pedra bruta até o ponto em que ela brilhe o bastante para se destacar do monte oxidado de metal nessa selva digital.


Texto por Thiago Camargo Conceição

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