Projeto Renascimento - Almeida Garrett


Este Inferno de Amar

Almeida Garrett

Este inferno de amar — como eu amo! –
Quem mo pôs aqui n’alma ... quem foi?
Esta chama que alenta e consome,
Que é a vida — e que a vida destrói –
Como é que se veio a atear,
Quando — ai quando se há-de ela apagar?

Eu não sei, não me lembra: o passado,
A outra vida que dantes vivi
Era um sonho talvez... — foi um sonho-
Em que paz tão serena a dormi!
Oh!, que doce era aquele sonhar ...
Quem me veio, ai de mim!, despertar?

Só me lembra que um dia formoso
Eu passei... dava o Sol tanta luz!
E os meus olhos, que vagos giravam,
Em seus olhos ardentes os pus.
Que fez ela?, eu que fiz? — Não no sei;
Mas nessa hora a viver comecei ...

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E eis que Almeida Garret finalmente se apresenta no nosso Projeto Renascimento. Sua obra mais conhecida, viagens na minha terra, até hoje é exigida como conteúdo por alguns professores de português e seu estilo romântico deixou marcas profundas na maneira de interpretar a estrutura dos textos e a maneira pela qual o sentimento se transmite através da pontuação e colocação das palavras.
Deixamos aqui um breve espaço dedicado à contemplação de um entre os ótimos poemas deixados pelo autor.

Seleção por Lucas Alves Serjento

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O Projeto Renascimento é uma iniciativa do site Enchendo Estantes - Uma tentativa de chamar a atenção das pessoas para autores clássicos e a beleza de obras que correm o risco de cair no esquecimento.
Como o objetivo do projeto é ser acessível, os textos aqui colocados serão de autores pertencentes ao domínio público, logo, suas obras podem ser encontradas no site www.dominiopublico.gov.br, de modo a não ser infringida nenhuma lei de direitos autorais.
Eventuais obras estrangeiras aqui expostas terão traduções feitas pela equipe do site, de modo a não incorrer em quebra de eventuais direitos de tradutores nacionais.
O autor escolhido para abrir o projeto é Luís Vaz de Camões justamente por representar, com poucas palavras, a beleza e distinção inerentes à língua portuguesa, ainda que em pequenas amostras, como no caso de seus Sonetos, demonstrando a riqueza de um estilo já tão explorado e que em suas palavras permanece tão jovem.

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