Microtexto



João entrou pela primeira vez na máquina do tempo. Conferiu os controles e olhou para o monitor acima da alavanca que precisava empurrar. Os cálculos conferiam: Ele avançaria alguns meses no futuro e se manteria no mesmo espaço ocupado pelo planeta Terra. Talvez se locomovesse alguns metros para frente, trás, esquerda, direita, cima ou baixo, mas ele estava dentro de uma proteção fortíssima de metal no meio de um campo vazio para todos os lados. Qualquer problema, ele atravessaria as paredes e estaria num espaço protegido. A sua única preocupação era com a velocidade. Estava viajando para o futuro utilizando uma velocidade bastante próxima da velocidade da luz. Precisava calibrar seus comandos, entender sua situação e abortar tudo, se necessário. Apesar dos riscos, João era um cientista brilhante. Ele tinha em mente as variáveis, os detalhes da física. Estava tudo solucionado por seus mecanismos.
João empurrou a alavanca. A velocidade aumentou, aumentou, aumentou... até ele atingir a velocidade ideal. Precisava se manter nela por alguns segundos. Ele aguardou. E puxou a alavanca. Ela não veio. E, quando ele fez força, a velocidade se descontrolou. Ele estava na velocidade da luz. Foi por pouco tempo, mas, quando ele finalmente pôde puxar a alavanca e fazer a máquina parar, ele já sabia o que aconteceria.
Tinha viajado por tempo demais. Estava muito no futuro.
Em meio a uma chuva de meteoros seu corpo foi submetido às condições do espaço e ele morreu.

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