Imagem Escrita - Lucas Alves Serjento




Meu sorriso. Imagine-o só no espaço. Veja-o cercado de um espaço em branco. Ou em preto. Somente o imagine em meio ao vazio. E se prepare para pintar seu próprio quadro.
Imagine-o – O sorriso – aberto. Claro como a luz do dia. Um sorriso de felicidade certa. Agora cerque esse sorriso de um rosto tão comum quanto é possível. A única exigência é que não me neguem os óculos de armação fina. Por favor. Dê-me os óculos para continuarmos.
Agora me dê um corpo magro e coberto de roupas cotidianas. Estou sentado sobre um banco de praça. Dê-me um banco de praça. Minhas mãos estão nos bolsos e meu sorriso está eternizado neste espaço vazio. Cerque-me de relva. A figura embaçada de duas crianças correndo ao fundo vai justificar o barulho em meus ouvidos. Ponha-me na ponta direita do banco enquanto viso o lado esquerdo do mesmo.
Coloque uma grande árvore atrás do banco. Realmente grande. Sua enorme sombra cobre o banco todo e muitas folhas estão na grama à minha volta, mas a copa da mesma árvore é tão alta que não cabe nesse quadro.
Perceba agora que essa imagem está incompleta. Falta o essencial. O motivo do sorriso ainda não está aqui.
No lado esquerdo do banco, desenhe o ser mais belo. A mais bela dama que o mundo possa gerar. A ela, dê cachos negros. Dê-lhe também uma face ligeiramente corada. Não se importe com raça ou características físicas impostas pelos outros. Simplesmente a mais bela.
Estenda a mão esquerda dela para mim. Ponha no rosto dela um sorriso de emocionar uma multidão. A única alegria que a supera é a minha.
Tire minhas mãos dos bolsos. Não estou mais sozinho.
Coloque minha mão esquerda sob a mão dela, que está estendida para mim. Faça uns pássaros ao fundo e uma borboleta próxima ao meu ombro antes da conclusão, por favor.
Agora coloque em minha mão direita, entre o indicador e o polegar, um anel. Use sua imaginação e materialize o amor nele. Agora, deixe-o no dedo anelar dela, com minha mão direita ainda o segurando.
E que brilhe o sol ao fundo, com pinceladas que expressem com ainda mais precisão minha felicidade.

E aí está um momento da vida que importa. Pois já que vivo da evolução, então o nascimento foi apenas uma outra transformação que deu certo. E já que continuarei fazendo parte da matéria ao morrer, não deixarei, pois, de existir. Logo, a união com o meu amor é a parte mais importante. E quando eu deixo de ser uma unidade para ser uma família, passo a ser o nome desse quadro. E não me negue isso. Pois lhe dei o que foi mais importante para mim. Então, dê ao quadro o nome de “Amor”. Pois foi assim para mim. E, independente de não ser meu rosto ou minha mulher; Independente de ser ou não minha cor, o meu amor, ou a minha felicidade. Em sua estrutura é a mesma coisa para todos os que já sentiram isso. E, com a eternização do mesmo, deixo eu a mensagem da minha vida: Que para viver, basta a felicidade básica. Logo, para viver, basta um sinônimo: o Amor.

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